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“As cervejas brasileiras estão em um bom passo”

BLUMENAU (SC) - Mestre cervejeira pela Universidad Politécnica de Madrid e sommelier de cervejas, a diretora de Educação da Secular Doemens Academy no Brasil, Cilene Saorin, acumula 20 anos de vivência no mundo da cevada.

Cilene Saorin. Foto: Escola Superior de Cerveja / Divulgação
Cilene Saorin. Foto: Escola Superior de Cerveja / Divulgação

Cilene Saorin, da Doemens Academy, aproveita passagem pela Escola Superior de Cerveja e Malte para falar sobre o mercado cervejeiro
BLUMENAU (SC) – Mestre cervejeira pela Universidad Politécnica de Madrid e sommelier de cervejas, a diretora de Educação da Secular Doemens Academy no Brasil, Cilene Saorin, acumula 20 anos de vivência no mundo da cevada. Com experiência profissional de quem passou pelas maiores companhias do mundo, presta consultoria para as indústrias e é sommelier de cervejas para a gastronomia. Referência no segmento, Cilene esteve na cidade para assinar convênio com a Escola Superior de Cerveja e Malte e ministrar um curso. A mestre cervejeira falou sobre o atual mercado da cerveja no Brasil e afirmou: “As cervejas brasileiras estão em um bom passo”. Confira a entrevista completa:
Como você avalia o mercado de cervejas nacionais?
Cilene Saorin – As cervejas brasileiras estão em um bom passo, com um desenvolvimento técnico muito expressivo. As pessoas estão envolvidas com apelo gastronômico e diferentes estilos. Têm estudado muito, o que tem trazido resultados através dos campeonatos mundiais. Como exemplo o World Beer Cup e o European Beer Style. Essas competições são uma espécie de termômetro para que as cervejarias tenham a oportunidade de se apresentar e ver como é que estão, se comparadas às outras.
Então já somos um mercado maduro?
Cilene – Eu diria que o mercado, de produção e consumo, é um adolescente. Muitas vezes, a gente escorrega no achar que entende tudo, quando na verdade ainda temos muito para aprender, para conseguir chegar à sua melhor forma e no seu melhor momento.
A que você atribui esse bom momento das cervejas no Brasil?
Cilene – Houve uma evolução nos últimos seis, oito anos. A estabilização da economia em 1994 e a distribuição de renda em 2004 contribuíram muito. O primeiro permitiu melhorar a estruturação para o que poderia vir a ser o alicerce e dar impulso ao crescimento, ocorrido de fato a partir de 2004, com a distribuição de renda. As pessoas começaram a ter renda para atender as necessidades básicas e também para o entretenimento, incluindo aí a cerveja.
Por isso temos essa característica de ser um mercado ainda adolescente?
Cilene – Veja que estamos falando dos últimos 10 anos. Porém, nessa primeira fase, a gente pensa nas cervejas populares. As cervejas com apelos gastronômicos são ainda mais recentes porque têm a ver não só com a distribuição de renda, mas também com a revolução da informação. Esse tipo de acesso faz com que a informação chegue mais rápido e as pessoas têm mais curiosidade.
Como você avalia as tendências das políticas econômicas para o mercado cervejeiro?
Cilene – Estamos falando inicialmente de aspectos econômicos, mas temos ainda aspectos demográficos, como o fato de o Brasil estar envelhecendo, e o aspecto cultural, que faz o brasileiro buscar informação e consumi-la, quer seja lendo, quer seja degustando. Como é que vai ser lá na frente? Bom, esses pilares continuam muito fortes e incluiria ainda aí o pilar político. Se um desses quatro pilares se move e desanda, pode ter certeza que isso será prejudicial ao mercado de uma maneira geral, inclusive o de cervejas.
Quais os reflexos disso para o mercado cervejeiro?
Cilene – Acabamos não aproveitando o bônus demográfico que é um presente que a conjuntura nos dá para ter mais pessoas para produzir. Um dos traços de investimento é a educação. Um povo educado não é producente e que não vai para frente. A gente tem ainda muito caminho por esse lado e, mais uma vez, é por isso que nós estamos aqui trabalhando na área de educação. Porque não se consegue ter boa resposta lá na frente se não tiver formação e capacitação profissional hoje.
O aumento de impostos sobre as cervejas pode atrapalhar o desenvolvimento do mercado cervejeiro e esse bom momento?
Cilene – Essa é uma questão que não afeta somente as cervejas, mas também vinhos e refrigerantes. Isso faz com que pequenas cervejarias, em inúmeras frentes e na gastronomia, não se desenvolvam porque não há condições de faturar o suficiente. Uma boa parte do faturamento das empresas vai para o pagamento dos insumos e outra, enorme, para o governo através dos impostos. Apenas uma pequena parte fica para reserva, novidades e novos investimentos.
Como está a formação profissional na área da cerveja?
Cilene – Na capacitação profissional a gente pensa em várias frentes e competências técnicas a serem desenvolvidas na área da cerveja. Por exemplo, estudar as matérias-primas, o processo cervejeiro, o serviço das cervejas e etc.
O que mais é necessário para que o Brasil se destaque na produção cervejeira?
Cilene – A Doemens Akademie, na Alemanha, inicia os trabalhos de educação com a palavra ética. Você pode ser um super profissional, dominador de todas as rebimbocas da parafuseta de um tema, tecnicamente falando, mas ser um zero à esquerda em ética. Sem ética, não vale nada.
Informações para a imprensa – Oficina das palavras:
Martha Kienast – [email protected] – (47) 3346-3797 / (47) 9994-1265.
Escola Superior de Cerveja
www.cervejaemalte.com.brhttps://www.facebook.com/cervejaemalte

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